Mãe

10 de maio de 2015


 Olha, moça, eu sei que te dei um baita susto quando resolvi vir ao mundo. Você pensou diversas vezes o motivo de não ter tomado os devidos cuidados e como contaria isso para seu pai. As pernas tremiam, o coração pulsava forte e você só pensava onde arranjaria dinheiro para tanta fralda descartável.
9 meses de muito enjôos. Já chegou a dormir abraçada à privada depois de virar a noite sentindo que comeu um avestruz, mas na verdade, era os incômodos da geração de um serzinho ainda desconhecido. Eu. Seus pés incharam e as lindas calças jeans não fechavam os botões. Suas sedutoras curvas foram tomando maiores proporções e formas mais arredondadas. De vez em quando eu te chutava e você ficava feliz. Quem fica feliz em ser chutado? 
 Resolvi aparecer depois dos 9 meses, te causando uma tremenda dor que faria qualquer um urrar até a cidade vizinha ouvir. Mas ao invés disso, você timidamente deixou lágrimas de felicidade rolarem seu rosto. Ora bolas, mais uma vez, não entendi o que você sentia. 
 Veio o primeiro mês de vida, a primeira papinha, as primeiras palavras, a primeira escola, o primeiro sutiã, o primeiro namorado... E você, como sempre, a primeira a vibrar por todos esses acontecimentos. As dores da gestação foram trocadas pela preocupação da primeira baladinha. Contemplou meus primeiros rabiscos de uma casinha torta com o mesmo orgulho que contemplou a publicação do meu artigo sobre planejamento de negócios. Sempre preparou meu lanche por mais que soubesse que eu havia feito aquele curso de gastronomia nas férias de verão, afinal, também sabia que o seu pão de queijo há de ser o manjar dos deuses.

 Eu sei, moça, que já te passei vários sustos na vida e que um dia, um serzinho, assim como eu, sendo planejado ou não, também me dará um baita susto mas por enquanto ainda não entendo esse seu sentimento por mim... Mas óh, um dia você mesma disse que as melhores coisas da vida não tem sentido. Só é sentido. ❤️




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